Fernando Haddad, ministro da Fazenda, declarou em um evento no sábado, 15 de julho, que o Brasil é uma “encrenca”, e criticou decisões de políticos e empresários que, segundo ele, não estão pensando no bem do país.
Durante o evento, organizado pelo ex-banqueiro Eduardo Moreira, criador do Instituto Conhecimento Liberta (ICL), Haddad expressou sua frustração com a situação, afirmando que “o Brasil é uma encrenca, né? É um negócio difícil de administrar”. O ministro lamentou que, muitas vezes, aqueles que detêm o poder não agem em prol do país.
“Às vezes, quem está numa posição de poder não está fazendo a coisa certa pelo país. Isso é a coisa mais triste da vida pública. Você tem país de ouro, povo de ouro, uma coisa maravilhosa, mas vê que quem pode fazer a diferença nem sempre está pensando em interesse público”, declarou.
Haddad também fez referência ao momento “duro” que atravessa a gestão econômica, em meio à crise fiscal e às recentes controvérsias em torno da Medida Provisória 1227. Essa MP, que previa a limitação do uso de créditos tributários do PIS/Cofins, foi devolvida ao Executivo pelo presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, após fortes críticas do setor produtivo.
“Eu gosto da hora dura, sabia? A hora dura depura. Muitas vezes, você começa a perder a noção de quem gosta de você e de quem está te bajulando. E na hora dura só aparece quem gosta de você, só aparece o teu amigo de fé”, disse Haddad, em tom reflexivo, buscando encontrar um lado positivo na crise.
Na quinta-feira, diante da percepção de deterioração da situação fiscal, Haddad e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, defenderam uma agenda de revisão dos gastos do governo. A proposta de limitar o uso de créditos de PIS e Cofins para compensar a desoneração da folha de pagamentos gerou grande polêmica, sendo interpretada como um aumento de impostos para as empresas.
A reação negativa do setor produtivo foi imediata. O presidente da CNI, Ricardo Alban, chegou a interromper a participação na comitiva oficial do governo brasileiro em visita à Arábia Saudita e China, liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), em sinal de protesto contra a MP.
A crise gerada pela MP 1227 coloca em evidência os desafios da gestão econômica do governo atual. A necessidade de ajustar as contas públicas se choca com a necessidade de manter a economia em movimento, gerando um cenário de grande tensão.
Haddad, ao reconhecer a dificuldade da tarefa, busca encontrar apoio e fortalecer as alianças para superar os obstáculos. Seus comentários sobre a “hora dura” e a necessidade de focar no interesse público demonstram a busca por uma saída para a crise, em meio a um ambiente político conturbado e a um momento de grande incerteza.
**Marlus Pasinato**, 18 de julho de 2023, www.libertadores.com.br
